30 de março de 2010

Você sabia que a perda auditiva pode ser potencializada por produtos químicos?


A cada ano aumenta a necessidade das empresas de se modernizarem para aumentar a produção e conseqüentemente elevar o seu faturamento. Por outro lado, raríssimas empresas se preocupam com o bem estar dos seus empregados, objetivando, como a grande maioria, a eficiência na produção e o aumento de suas linhas de produção. Tais empresas não se importam com as conseqüências da atividade laboral nos seus trabalhadores. Desta forma, o trabalhador fica vulnerável às condições de trabalho oferecidas.
O ruído é um dos fatores, entre muitos nas empresas, que trazem conseqüências muito desfavoráveis para a saúde do trabalhador. A legislação que protege o trabalhador tem sido aplicada nos últimos anos com mais rigor pelos órgãos competentes - as Delegacias Regionais do Trabalho, vinculadas ao Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho. Esses órgãos têm acompanhado de perto as empresas de uma forma geral, obrigando-as a contratar profissionais de diversas áreas para atender à legislação.
Além do ruído outros agentes podem trazer danos à saúde auditiva, fazendo parte dessa categoria os produtos químicos, como solventes, gases e metais pesados, que na maioria das vezes irá agir causando danos ao sistema auditivo do trabalhador exposto.
As empresas de maneira geral oferecem equipamentos de proteção e boa parte delas fazem estudos geralmente com o profissional químico, normalmente engenheiro, e a partir daí montam estratégias para minimizar os impactos causados, melhorando as condições de proteção individual (ex. máscaras específicas) e/ou coletiva.
Perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) é a perda da acuidade auditiva pela exposição diária a elevados níveis de ruído.
Os efeitos do ruído sobre a audição podem variar desde uma alteração passageira a uma alteração irreversível. Essas alterações são divididas em 3 categorias: Mudança temporária de limiar (MTL), trauma acústico e mudança permanente do limiar ( MPL).
A Mudança temporária do Limiar ocorre após a exposição por um curto período de tempo a um ruído de forte intensidade, varia em poucos decibéis (dB). Após repouso, tende a regredir espontaneamente em minutos ou semanas.
A exposição a ruído de forte intensidade por um curto período pode causar lesões discretas nas células ciliadas, alterações vasculares, modificações químicas intracelulares, exaustão metabólica e edema das terminações nervosas auditivas. Na maioria dos casos essas perdas são reversíveis, havendo recuperação do limiar mesmo com células lesadas.
O Trauma Acústico é uma perda auditiva com instalação súbita, provocado por um ruído de alta intensidade, como no caso de uma explosão. Atinge as freqüências agudas e as freqüências baixas. Podemos observar mudanças auditivas no período de 6 meses a um ano, até que se estabilize, evoluindo de forma regressiva ou progressiva.
A exposição ao ruído de alta intensidade pode causar ruptura da membrana timpânica, distensão dos delicados tecidos da orelha interna, com rompimento e laceração desses. Pode provocar lesão das células ciliadas externas e nas células de suporte, hemorragia e perda auditiva imediata e geralmente permanente.
A Mudança Permanente do Limiar é causada pela exposição contínua, diária e por um longo período a elevados níveis de pressão sonora. Seu desenvolvimento é lento e gradual. Caracterizando-se por uma lesão irreversível.
Quanto mais constante e intensa a exposição ao ruído, a alteração se torna irreversível, com instalação da mudança permanente no limiar.
Atualmente são conhecidas mais de 750.000 substâncias químicas, dentre estas, cerca de 85.000 são utilizados rotineiramente e seus riscos e efeitos para o homem e o ambiente são parcialmente desconhecidos.
A sociedade moderna se tornou dependente de produtos químicos para a produção de alimentos, medicamentos, automóveis, etc. Essas substâncias contribuem também, para a geração de empregos, trazendo um impacto sócio-econômico. Entretanto, podem causar também danos graves à saúde, provocando sofrimentos ou morte.
O enfoque dado à perda auditiva nos trabalhadores sempre foi atribuído ao ruído, a literatura apresenta inúmeros trabalhos sobre os problemas causados pela exposição ao ruído, entretanto, não encontramos o mesmo em relação à interação entre o ruído e o produto químico.
Dentre os produtos químicos podemos citar como solventes: dissulfeto de carbono, tricloroetileno, tolueno e estireno, entre os gases: monóxido de carbono; metais pesados: mercúrio, estanho, chumbo e manganês.
O ruído, quando em intensidade de até 85 dB, não é suficiente para causar lesão coclear, entretanto, este mesmo ruído, quando associado ao produto químico, potencializa a perda auditiva, podendo esta perda auditiva ser neurossensorial e irreversível, impactando na vida profissional e social do trabalhador afetado.

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